Pt:Entrevista com Defesa Civil
- Enfrentamento dos desastres: entrevista com o Major Wellington S. de Oliveira, membro do Grupo de Apoio a Desastres (GADE) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Brasil
- Por Dra. Raquel Dezidério Souto(*)
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Wellington é Major do Corpo de Bombeiros Militar - RJ, doutorando em Geografia (PPGEO-UERJ), possui mestrado em Defesa e Segurança Civil pela UFF (2016), pós-graduação em Gerenciamento das Organizações pelo CEPERJ (2015), pós-graduação em Segurança Pública, Cultura e Cidadania pela UFRJ (2011), especialização em Inteligência em Defesa Civil pela COPPE-UFRJ (2012), graduação no Curso de Formação de Oficiais pela Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II (2005). Tem experiência na área de Proteção e Defesa Civil, com ênfase em gestão de risco e gerenciamento de desastres naturais e tecnológicos, tendo participado de muitas operações de socorro em grandes desastres ocorridos no Brasil.
- 🎉 YouthMappers UFRJ - Qual a sua trajetória profissional e experiências mais marcantes relacionadas ao enfrentamento dos desastres naturais (em qualquer parte do Brasil)?
Wellington - Participei como responsável pela capacitação das comunidades afetadas pelo desastre da região serrana em 2011, no processo de implantação do sistema de alerta e alarme com sirenes em 31 localidades, nos municípios de Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e Bom Jardim; Desastre em Petrópolis em 2022, com 232 óbitos; Desastre no Norte e Nordeste, em 2023, relacionado a chuvas intensas no Maranhão, Acre, Amazonas, e Ceará, como representante do Centro Nacional de Gerenciamento de Risco de Desastres (CENAD); Desastre no Rio Grande do Sul, em 2024, como representante da Defesa Civil Nacional, apoiando os 477 municípios afetados.
- 🎉 YouthMappers UFRJ - Quais são os maiores desafios enfrentados atualmente pela Secretaria de Proteção e Defesa Civil de Maricá, nas atividades relacionadas ao nível operacional (primeiro atendimento)?
Wellington - Os desafios são intensos, perpassa inicialmente na comunicação de risco junto à população, pois os munícipes encontram dificuldade em informar seu endereço de forma correta, isto atrapalha na hora de montar a logística para atendimento emergencial.
- 🎉 YouthMappers UFRJ - Após o início do monitoramento meteorológico, realizado 24h pela Secretaria, notou algum resultado positivo nos indicadores relacionados ao desastres que ocorrem no município de Maricá?
Wellington - O monitoramento meteorológico iniciou em 2018, assim como a emissão de boletim meteorológico diário e o envio de SMS para a população cadastrada, que, hoje, está em torno de 10% da população (aproximadamente 20 mil pessoas), além de auxiliar o poder público na tomada de decisão, quanto ao enfrentamento dos desastres. Este tipo de atividade vem ganhando respaldo junto à governança e à comunidade, solidificando, cada vez mais, a importância da integração das ações de proteção e defesa civil para(com) a sociedade maricaense.
🎉 YouthMappers UFRJ - Vocês realizam atividades que envolvam a educação para a redução de riscos e desastres (ERRD) no município de Maricá?
Wellington - A Defesa Civil de Maricá foi a primeira do Brasil, a desenvolver uma Academia Municipal de Proteção e Defesa Civil, que possui, entre as sua atribuições, realizar cursos de capacitação para as defesas civis de outros municípios e estados, além de realizar treinamentos nas comunidades mapeadas como áreas de risco geológico e hidrológico no território, além de desenvolver parcerias com as universidades públicas e particulares, para a construção da resiliência local, tendo recebido mais de 600 profissionais de defesa civil das cinco regiões do Brasil.
- 🎉 YouthMappers UFRJ - Quais as suas recomendações para aqueles(as) que queiram iniciar carreira na área de proteção e defesa civil?
Wellington - Que sejam pessoas abnegadas e envolvidas nas questões relacionadas aos desequilíbrios socioambientais de um território, pois devemos entender que a construção social do risco tem suas raízes nas mazelas da sociedade, como a fome, a ausência da garantia dos direitos fundamentais para o cidadão, somados à inoperância do poder público, em garantir a dignidade dos cidadãos brasileiros, esse é o grande desafio, a ser enfrentado pelos futuros profissionais que desejam laborar nesta área, tão importante para a construção da resiliência urbana.
Como citar esta entrevista
(*) Enfrentamento dos desastres: entrevista com o Major Wellington Silva de Oliveira, membro do Grupo de Apoio a Desastres (GADE) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Brasil. Entrevistado: Wellington Silva de Oliveira. Entrevistadora: Raquel Dezidério Souto. Rio de Janeiro: IVIDES.org, GeoCart-UFRJ, 12 mar. 2025. Disponível em: https://wiki.openstreetmap.org/wiki/Pt:Entrevista_com_Defesa_Civil. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.15029528
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Referências [1] OLIVEIRA, W. S. de. O processo de construção da Gestão Integrada de Risco de Desastre - caso Maricá. Palestra ministrada para o evento GIS DAY 2023. Rio de Janeiro, IVIDES.org, 2023. PDF disponível | Vídeo no YT.